sábado, maio 15, 2010

Uma questão de Fé -II

“Nunca me esqueço de quando era miúda, de uma das leituras ser a Parábola de Lázaro. Alguém pede a Cristo para o trazer de novo à vida. O padre chamava-nos a atenção para o que Cristo disse: “Levanta-te e Caminha”, e para a forma como a parábola continua: “E Lázaro sentou-se e começou a falar.” Nós não temos de ser seguidistas para com o que nos mandam fazer. Lázaro não se levantou como Cristo disse, sentou-se. Nós somos responsáveis pela nossa vida, independentemente das orientações que os outros nos querem dar. Não há fé sem liberdade e eu não abdico a minha liberdade.”
Maria de Bélem em entrevista Visão, Agosto de 2006, excerto que já tinha transcrito para o meu primeiro blog. Aqui fica de novo.

quinta-feira, maio 13, 2010

Sobre a visita do Papa

" O homem que vem a Portugal não é apenas mais um Chefe de Estado. É também o chefe de uma instituição milenária que estruturou o que é hoje o nosso modo de vida neste canto do planeta. Os que nele não vêm senão crimes esquecem que algumas coisas boas, como a liberdade, também estão na base deste mundo. E esquecem que o homem que aqui vem representa mil milhões de pessoas por todo o mundo, algumas das quais em Portugal. Face a isto, as polémicas em torno da "tolerância de ponto" são irrisórias. Pela minha parte dispenso o paternalismo hipócrita dos que contrariados pela vinda papal se armam em arautos da não discriminação dos "outros" não católicos. Ainda não perceberam que a liberdade não se obtém à custa do silenciamento alheio." - Esther Muczink, vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa.

Achei curiosos estas palavras vindas exactamente de uma pessoa que não professa a religião católica. De todo o lado só tenho ouvido criticas, negativas entenda-se

Faz-me confusão toda a histeria associada ao assunto mas ao mesmo tempo que me incomoda também me sinto próxima de algum modo.

Só oiço criticas negativas sobre o Papa, como homem e como, suposto, representante de Deus. Sobre a sua visita a Portugal, sobre a tolerância de ponto. É tudo mau, mau, mau. Tudo serve para piada, para maldizer crenças alheias, para criticar, gozar.

Era importante a vinda dele a Portugal? Sinceramente não sei, não me interessa. A mim não me aquece nem arrefece. Mas aceito que para muitas pessoas faça diferença.

A tolerância de ponto? Completamente desnecessária, concordo.

Todas estas vozes negativas suscitaram em mim curiosidade sobre o Cardeal Ratzinger, tenho curiosidade em conhecer o seu percurso na Igreja Católica. Não quero fazer parte do coro que critica apenas para fazer eco.

As palavras de Esther Mucznik relembram importância da tolerância e de respeito entre as diversas religiões.

...

De registar que, apesar de desde o inicio da visita ter querido escrever algo sobre o assunto, ter escolhido precisamente o dia 13 de Maio e o dia em que o discurso do Papa versou assuntos sobre os quais estou completamente do lado oposto à versão defendida pela Igreja Católica: aborto, casamento homossexual e o matrimónio indissolúvel da Igreja.