quinta-feira, julho 29, 2010

Alentejanês

Copiado do blog:

A Gata Christie :


sombrinha - chapéu-de-chuva de senhora
esgroviada - despistada
andar num aboiz - andar de um lado para outro/ apressado/ ocupado
ter o cabelo empessado - ter o cabelo emaranhado
maniento - convencido
hoje está cá uma calma - hoje está cá um calor
não dar notícia de - não se aperceber que/ não dar por
pupias - espécie de biscoitos grandes em forma de argola
a canalha - as crianças
manageira - chefe
tem avondo - já chega
cagulo - excesso
pelar-se por - gostar de
apoquentado - preocupado/ aborrecido
amanhar - arranjar/ arrumar
mangar com - gozar com
desanda - vai-te embora
dar vazão - conseguir responder às solicitações
magana - velhaca
untar ou besuntar o pão - barrar o pão
não vale um chocalho de erva - não vale nada
almariado - enjoado/ tonto
bilha - vasilha (por exemplo: bilha do gás)
desmangaritado - partido
enxaguar - passar por água (a loiça ou a roupa)
ir à da... - ir à casa da...
não páras na canastra - não estás quieto
marrafa - risco no cabelo (ao meio, ao lado)
poial - degrau, geralmente à porta de casa
garganeiro - ganancioso
paposseco - pão pequeno, carcaça
migas - aquilo a que em Lisboa se chama açorda
açorda - sopa com pão duro e água. a mais conhecida é a açorda de alho (vulgo "sopa alentejana") mas também há de espinafres, de tomate, de beldroegas
Bia - diminutivo de Maria
ter lidação - relacionar-se com alguém
bajoulo - pedra grande
dar banho - tomar banho


Achei muita piada a esta listagem. Conhecia todas as expressões, apesar de não ouvir algumas há algum tempo.

Lembrei-me de outra:

Bezaranha

Alguém sabe o que é?

segunda-feira, julho 19, 2010

"Fazemos imeenso"

Sábado ouvi o Programa Realmente Incrível Mas Obtuso da Rádio Comercial, vulgo PRIMO. O convidado era José Castelo Branco. Num dado momento o Nuno Markl relembra uma outra entrevista que já the tinha feito numa outra rádio, em que lhe pergunta: "Mas vocês, são como as outras pessoas, sei lá, fazem cócó, como as pessoas normais?"
Resposta prontissíma do José Castelo Branco: "Ai, fazemos imeeenso!"

sábado, julho 17, 2010

"Temos de nos manter fiéis aos nossos principios"

Neste blog não se fala de futebol. Ultimamente neste blog não se fala de (quase) nada.

O mundial passou e nem uma palavrita, nada. Sim, eu sei o que é um fora de jogo mas não me interesso pelo assunto. Do campeonato nacional ( e até de outros) vou sabendo algumas coisas pois aqui em casa acabo por ser "obrigada" ver e a ouvir falar no assunto. O que achava piada no futebol era o Pauleta, que já não joga por isso perdi o (pouco) interesse que tinha.

Quando joga a selecção animo (ou desanimo) um bocado. Vibro mais, não muito pois não gosto de ver os jogos (muitos nervos). Repito: o Pauleta já não joga, qual o interesse agora?

Deste mundial, então não vi mesmo nada, as horas dos jogos eram completamente impróprias para quem tem de cumprir um horário de trabalho. E mesmo que não tivesse devia de acontecer como no último europeu: todos de frente para o écran, e a crominha aqui de costas a dizer: "eu não gosto de ver".


Mas vamos ao que interessa: Vicente Del Bosque, o treinador da campeã selecção Espanhola, e a reportagem que vem esta semana na visão, excertos:


'"Se falharmos não se preocupem. A culpa será minha" - a frase calou fundo nos 23 jogadores espanhois reunidos após a derrota com a Suiça, no jogo inaugural [ da selecção espanhola] na África do Sul. (...) O normal e talvez o mais sensato seria mudar os planos para os próximos e decisivos jogos. Vicente Del Bosque, sábio e sereno, preferiu manter tudo na mesma. "Na vida temos de ser flexiveis mas não abdicar dos nossos principios. A jogar deste forma temos ganho muito, não é uma derrota que nos fará mudar", animou os jogadores.

Foi assim que o mundial que - antes de começar - ia ser o de Messi ou Ronaldo, de Rooney ou Kaka, se tranformou, afinal, no mundial da selecção espanhola. (...) Uma selacção onde não há vedetas com penteados estranhos [aqui tenho de discordar, então e o Puyol?], jovens promessas de corpo tatuado ou "estrelas" revoltadas com decisões do treinador, mas apenas uma equipa una e compacta.

Em todo o mundial foi o único treinador a quem nunca alguma câmara (e eram tantas!) o captou a celebrar um golo ou a cumprimentar um jogador após uma substituição.
Enquanto jogador passou 11 épocas ininterruptas no Real Madrid, conquistando 5 campeonatos e 4 taças de Espanha. Saiu do Relvado mas manteve-se no clube, numa ligação que se prolongou durante mais 2 décadas - como técnico da equipa filial, depois responsável pela formação, e sempre que era preciso pegar na equipa principal, quando o treinador era despedido.
Foi numa dessas ocasiões, em 1999, que a Espanha descobriu que aquele homem era mesmo treinador, apesar de nunca o ouvirem levantar a voz ou fazer gestos tão associados á 'fúria espanhola'. Em 3 épocas conseguiu duas ligas de campeões europeus, uma taça intercontinental, uma supertaça europeia, dois campeonatos e duas taças de Espanha. Prémio por tudo isto? Um despedimento, por acharem que não tinha o perfil necessário para dirigir uma equipa de galácticos (Zidane, Figo, Roberto Carlos, Ronaldo [o brasileiro], e Beckham). Para o seu lugar escolheram Carlos Queiróz´.
Apesar de tudo, nunca se ouviu dele uma palavra de recriminação ou lamento pelo deu despedimento. Mas a verdade é que durante muito tempo duvidou-se das suas reais capacidades para dirigir uma equipa. A sua chamada para seleccionar foi recebida com alguma desconfiança, desvanecida após um recorde de 13 vitórias consecutivas. Só que bastou uma derrota no primeiro jogo do mundial para regressarem as criticas. Sábio e sereno não se deixou abalar e continuou fiel ao seu lema de vida: temos de nos manter fiéis aos nossos principios"
Reportagem da Visão, n.º 906, texto de Rui Tavares Guerreiro

quinta-feira, julho 01, 2010

Do virtual para o real

Há algum tempo que eu pensava em escrever este post. Quer dizer, talvez não este post, mas sim o assunto que vou focar. Iniciei-me nestas lidas bloguisticas há 4 anos, o meu primeiro post data de Agosto de 2006, no já falecido Salada de fruta, passado pouco tempo mudei-me de armas e bagagens para o "Singularidades" esse foi, e é, o blog onde escrevo de alma e coração, até onde os meus preconceitos de escrita e de emoções que se mostram me deixam ir. Quando achei que me estava a expor em demasia privatizei o blog. Está ali ao lado, em privado, algumas meninas, que eu acompanho há tanto tempo quanto os anos que tenho de blogosfera e que pelos visto também gostam de me visitar, têm acesso. Surgiu então este novo "Singularidades" aberto a toda a gente, onde já não me apetece escrever tanto. Tenho andado cansada da blogoesfera, de crises existencias de bloggers, de guerrinhas, de troca de galhardetes. Cansada de um universo de faz-de-conta.

Faz-de-conta?

E se não fizer? E se existirem pessoas tão bacanas (sim, à brasileira mesmo) que através do seu blog nos consigam animar com o seu sorriso, que com as suas palavras nos façam chorar, que com a sua escrita nos façam pensar, que com a sua arte nos façam emocionar.

A verdade é que existem algumas pessoas por quem tenho um carinho e um afecto especial por já companhar o seu blog há muito tempo, de quem me sinto próxima e por quem fico feliz com as vitórias e triste pelas batalhar perdidas.

Mas hoje particularmente quero falar de alguém em especial, de uma borboleta que anda somniando pela Suécia, a queridissíma Sômnia.

Como é normal já não sei como fui parar ao seu blog, não sei há quanto tempo sou fiel leitora (arrisco dizer que há mais de um ano) mas sei que já li o blog todo de fio a pavio. Por duas razões, a primeira pelo prazer de ler, a segunda (quando reli alguns post e quando li outros pela primeira vez) por querer saber um pouquinho mais de uma mulher que eu admirava cada vez mais e a quem queria tratar com igual carinho em resposta a um e-mail.

Como é normal comecei a acompanhar o blog sem dizer nada, até que pouco a pouco fui perdendo a timidez e a comentar os seus eloquentes post, do mais simples ao mais elaborado. A Sômnia tem um modo muito bonito de ver o mundo, mostra ser uma pessoa muito feliz e que vê beleza nas coisas mais simples. Eu gosto e admiro muito essa maneira de ser.

Fui perdendo a timidez e a sentir-me cada vez mais em casa, o que é fácil pois a Somnia trata-nos muito bem.

A Sômnia é uma autêntica artista, os seus post vão desde filosofar (a moça é doutorada em Filosofia) sobre vários assuntos ao seu dia-a-dia na Suécia, que está a chegar ao fim, pois a familia está de regresso ao Brasil. A Somnia fala-nos do seu amor pelo seu Renato ou emociona-nos com os seus tratados sobre o amor. Discute temas tão diversos como Maternidade, arte, blog ou meio ambiente. Podemos inclusive acompanhar um pouco do seu trabalho artistico através do seu site:

Sômnia Carvalho

Vale a pena ler o seu blog, um post aqui, outro li, conhecer um pouquinho do que ela tem para nos mostrar e acima de tudo trocar impressões.

Em Março, a Somnia fez anos e pediu que respondessemos a uma pergunta:
"Que tipo de coisa lhe consegue deixar realmente feliz?

O aniversário era da Sômnia mas quem recebeu presentes fomos nós, as suas leitoras. A Somnia sorteou 3 nomes, entre que tinha respondida à pergunta, e iria pintar um quadro às felizes contempladas. Eu respondi à pergunta pelo prazer em si e qual não foi a minha surpresa ao constatar que tinha sido uma das sorteadas . Fiquei muito feliz e desde então tenho trocado e-mails com a Sômnia, o que para mim tem sido muito mais importante. Poder retribuir com o mesmo carinho a atenção que ela nos dá no seu blog. Poder despir a máscara da Maariah e ser também uma pessoa real, sem máscaras, sem sombras.

Hoje, na minha visita habitual vi este post:

As telas das ganhadoras do concurso com pitada de filosofia e psicanálise de botequim

entre o humor do título do post ao carinho do que ela escreveu para cada uma de nós, ao cuidado que teve com os gostos de cada uma, à beleza das telas e ao gesto da música, eu chorei de felicidade por a blogosfera me ter proporcionada a possibilidade de encontrar alguém que ficará para sempre no meu coração.

Obrigada Sômnia por ser quem é e por tudo o que já aprendi contigo. Espero poder continuar a ler as tuas histórias vividas no Brasil.