" O homem que vem a Portugal não é apenas mais um Chefe de Estado. É também o chefe de uma instituição milenária que estruturou o que é hoje o nosso modo de vida neste canto do planeta. Os que nele não vêm senão crimes esquecem que algumas coisas boas, como a liberdade, também estão na base deste mundo. E esquecem que o homem que aqui vem representa mil milhões de pessoas por todo o mundo, algumas das quais em Portugal. Face a isto, as polémicas em torno da "tolerância de ponto" são irrisórias. Pela minha parte dispenso o paternalismo hipócrita dos que contrariados pela vinda papal se armam em arautos da não discriminação dos "outros" não católicos. Ainda não perceberam que a liberdade não se obtém à custa do silenciamento alheio." - Esther Muczink, vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa.
Achei curiosos estas palavras vindas exactamente de uma pessoa que não professa a religião católica. De todo o lado só tenho ouvido criticas, negativas entenda-se
Faz-me confusão toda a histeria associada ao assunto mas ao mesmo tempo que me incomoda também me sinto próxima de algum modo.
Só oiço criticas negativas sobre o Papa, como homem e como, suposto, representante de Deus. Sobre a sua visita a Portugal, sobre a tolerância de ponto. É tudo mau, mau, mau. Tudo serve para piada, para maldizer crenças alheias, para criticar, gozar.
Era importante a vinda dele a Portugal? Sinceramente não sei, não me interessa. A mim não me aquece nem arrefece. Mas aceito que para muitas pessoas faça diferença.
A tolerância de ponto? Completamente desnecessária, concordo.
Todas estas vozes negativas suscitaram em mim curiosidade sobre o Cardeal Ratzinger, tenho curiosidade em conhecer o seu percurso na Igreja Católica. Não quero fazer parte do coro que critica apenas para fazer eco.
As palavras de Esther Mucznik relembram importância da tolerância e de respeito entre as diversas religiões.
...
De registar que, apesar de desde o inicio da visita ter querido escrever algo sobre o assunto, ter escolhido precisamente o dia 13 de Maio e o dia em que o discurso do Papa versou assuntos sobre os quais estou completamente do lado oposto à versão defendida pela Igreja Católica: aborto, casamento homossexual e o matrimónio indissolúvel da Igreja.
Estou de acordo e aplaudo as palavras dessa senhora, Esther Muczink. De facto, a religião judaico-cristã está na base da nossa estrutura moral e social. Já a Igreja, propriamente dita, são outras cantigas.
ResponderEliminarQuanto ao Papa, o homem, sempre o achei extremamente inteligente e bom político (aliás, os Papas ocupam um cargo político).
Apesar dos crimes de pedofilia, vindos a lume há pouco tempo, apesar de estar convencida de que ele (e os antecessores) os acobertou, bem como negligenciou as vítimas, apesar de ele dirigir uma instituição cheia de segredos muito estranhos e duvidosos, apesar disso eu vi um senhor velhinho a tentar emendar (bem ou mal, isso não interessa) os erros da instituição. Vi uma multidão de gente a venerá-lo. Vi parte de um país a parar por ele, mas também vi boa parte a aproveitar-se disso, de uma forma pouco cristã, e a culpa não foi do Papa.
Não acho que se possa olhar para o Papa como um criminoso, da mesma forma que tantos outros chefes de estado e governantes assim não são considerados, apesar de terem cometido os seus "pecados".
Não gosto da palavra tolerância. Tem uma conotação estranha a um sentimento de superioridade. Do meu ponto de vista, respeito é o que se deve ter e exigir e não só entre religiões...
Lélém sempre certeira nos teus comentários. :)
ResponderEliminarFiquei a pensar na palavra "tolerância". Tem realmente uma conotação de superioridade, do género: "eu não concordo com nada disso, mas até tolero, até deixo, aceito, que tenhas essa opinião." Sempre com uma ressalva bem presente de que a opinião de quem tolera é obviamente a correcta.
O Papa é um dirigente de massas com grande poder. Por que não dar-lhe as devidas honras? Afinal de contas, o Vaticano é o país com mais extensão territorial do mundo (todas as igrejas, cemitérios e ermidas lhe pertencem)...
ResponderEliminarGoste-se ou não, aceite-se ou não, tolere-se ou não o Papa é um Chefe de Estado.
ResponderEliminarPor acaso no sábado à noite estive à conversa sobre esse poder que referes,o poder da Igreja. Foi uma lição de História bem interessante.
Não me costumo incomodar com piadas, criticas. Todos temos direito à nossa opinião, mas no dia em que escrevi isto eu estava mesmo cansada do exagero das conversas à minha volta. Tudo, tudo era culpa do Papa, acho que se faltasse papel higiénico no WC era culpa do Papa.