sábado, julho 17, 2010

"Temos de nos manter fiéis aos nossos principios"

Neste blog não se fala de futebol. Ultimamente neste blog não se fala de (quase) nada.

O mundial passou e nem uma palavrita, nada. Sim, eu sei o que é um fora de jogo mas não me interesso pelo assunto. Do campeonato nacional ( e até de outros) vou sabendo algumas coisas pois aqui em casa acabo por ser "obrigada" ver e a ouvir falar no assunto. O que achava piada no futebol era o Pauleta, que já não joga por isso perdi o (pouco) interesse que tinha.

Quando joga a selecção animo (ou desanimo) um bocado. Vibro mais, não muito pois não gosto de ver os jogos (muitos nervos). Repito: o Pauleta já não joga, qual o interesse agora?

Deste mundial, então não vi mesmo nada, as horas dos jogos eram completamente impróprias para quem tem de cumprir um horário de trabalho. E mesmo que não tivesse devia de acontecer como no último europeu: todos de frente para o écran, e a crominha aqui de costas a dizer: "eu não gosto de ver".


Mas vamos ao que interessa: Vicente Del Bosque, o treinador da campeã selecção Espanhola, e a reportagem que vem esta semana na visão, excertos:


'"Se falharmos não se preocupem. A culpa será minha" - a frase calou fundo nos 23 jogadores espanhois reunidos após a derrota com a Suiça, no jogo inaugural [ da selecção espanhola] na África do Sul. (...) O normal e talvez o mais sensato seria mudar os planos para os próximos e decisivos jogos. Vicente Del Bosque, sábio e sereno, preferiu manter tudo na mesma. "Na vida temos de ser flexiveis mas não abdicar dos nossos principios. A jogar deste forma temos ganho muito, não é uma derrota que nos fará mudar", animou os jogadores.

Foi assim que o mundial que - antes de começar - ia ser o de Messi ou Ronaldo, de Rooney ou Kaka, se tranformou, afinal, no mundial da selecção espanhola. (...) Uma selacção onde não há vedetas com penteados estranhos [aqui tenho de discordar, então e o Puyol?], jovens promessas de corpo tatuado ou "estrelas" revoltadas com decisões do treinador, mas apenas uma equipa una e compacta.

Em todo o mundial foi o único treinador a quem nunca alguma câmara (e eram tantas!) o captou a celebrar um golo ou a cumprimentar um jogador após uma substituição.
Enquanto jogador passou 11 épocas ininterruptas no Real Madrid, conquistando 5 campeonatos e 4 taças de Espanha. Saiu do Relvado mas manteve-se no clube, numa ligação que se prolongou durante mais 2 décadas - como técnico da equipa filial, depois responsável pela formação, e sempre que era preciso pegar na equipa principal, quando o treinador era despedido.
Foi numa dessas ocasiões, em 1999, que a Espanha descobriu que aquele homem era mesmo treinador, apesar de nunca o ouvirem levantar a voz ou fazer gestos tão associados á 'fúria espanhola'. Em 3 épocas conseguiu duas ligas de campeões europeus, uma taça intercontinental, uma supertaça europeia, dois campeonatos e duas taças de Espanha. Prémio por tudo isto? Um despedimento, por acharem que não tinha o perfil necessário para dirigir uma equipa de galácticos (Zidane, Figo, Roberto Carlos, Ronaldo [o brasileiro], e Beckham). Para o seu lugar escolheram Carlos Queiróz´.
Apesar de tudo, nunca se ouviu dele uma palavra de recriminação ou lamento pelo deu despedimento. Mas a verdade é que durante muito tempo duvidou-se das suas reais capacidades para dirigir uma equipa. A sua chamada para seleccionar foi recebida com alguma desconfiança, desvanecida após um recorde de 13 vitórias consecutivas. Só que bastou uma derrota no primeiro jogo do mundial para regressarem as criticas. Sábio e sereno não se deixou abalar e continuou fiel ao seu lema de vida: temos de nos manter fiéis aos nossos principios"
Reportagem da Visão, n.º 906, texto de Rui Tavares Guerreiro

1 comentário:

  1. 100% de acordo, como escreve bem este jornalista.
    Estás de parabéns por colocares este excerto, até o sinalizei como "Gosto" no reader (com o nome pessoal).
    :-*

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